1 de setembro de 2016

Mini Bomba de Vácuo Manual

Auxilio para um melhor armazenamento de sementes

Sementes são bens inestimáveis, essenciais a sobrevivência da nossa espécie e a chave para a sustentabilidade. Saber como armazena-las adequadamente assegura a sua viabilidade, pelo maior período possível.

Eu como minúsculo produtor de sementes venho, a cada novo ano e nova colheita, aprimorando as minhas técnicas, para um melhor armazenamento das sementes colhidas na minha "propriedade rural". Sempre busco seca-las de maneira correta e mantê-las acondicionadas longe da umidade excessiva, da flutuação de temperatura, do excesso de luz e de insetos, a fim de garantir a viabilidade das mesmas.

Do mesmo modo, para garantir que as sementes não brotem, antes do desejado, penso sempre em quatro elementos: oxigênio, umidade, luz solar e calor. Mantê-los longe das sementes é garantia armazenamento longo, pois estes quatro elementos criam uma reação de brotação natural nas sementes, chamando-as a vida.

Sei que existem muitas teorias e experimentos sobre qual o melhor método de armazenamento. Muitas desta já utilizei como: sacos de papel, armazenamento em geladeira, em garrafas PET... já misturei as sementes com sílica, pimenta do reino, folhas de louro, alho... e por aí vai..

Mesmo tomando vários cuidados, algumas vezes ainda encontro pequenos insetos se alimentando da minha preciosa produção, já acondicionada em garrafas PET, além de ver sementes brotando dentro das garrafas e perdendo, muito rapidamente, seu poder de germinação.

Descobri que uma das soluções, para evitar os insetos, além de preservar melhor as sementes, é acondiciona-las a vácuo. Para fazer o vácuo, encontrei tutoriais que utilizavam velas ou chumaços de algodão acesos, dentro da garrafa PET, para consumir todo o oxigênio. Porém, tentei várias vezes seguir estes tutoriais, sem sucesso, pois já que minha produção é pequena, acabava por não encher toda a garrafa, o que acarretava a queima da garrafa, ou da tampa, ou mesmo meus dedos.

Procurando outra solução, logo me lembrei de um experimento que fiz, a tempos, com algumas válvulas de retenção de ar e vi que, de maneira fácil e barata, seria possível montar uma mini bomba de vácuo manual.

Como o uso da bomba de vácuo, aliadas a outras técnicas de armazenamento, não tenho mais problemas com as minhas sementes estocadas e sempre tenho um alto índice de germinação das mesmas.

1) A mini bomba de vácuo


1.1) Material:
  • Duas válvulas de retenção de ar (podem ser adquiridas em casas expecializadas em produtos para aquários);
  • Uma conexão "T", também conhecido como distribuidor "T" (usado no sistema de esguicho de água, do limpador de para brisas de carros. Pode ser adquirida em autopeças);
  • Uma seringa descartável de, no mínimo, 5 ml. Quanto maior a capacidade da seringa, mais rápido o vácuo será criado dentro da garrafa PET;
  • 15 cm, ou mais, de mangueira (cano) para aquário.

Antes da montagem, é necessário identificar, nas válvulas de retenção, onde é a entrada de ar e onde é a saída. Em alguns modelos de válvulas, esta marcação já vem impressa na mesma, outras válvulas trazem um pequeno manual identificando as partes em questão. Na figura abaixo, ilustro, no modelo de válvula que utilizei, estes dois pontos:
Identificação da entrada e saída de ar, da válvula de retenção de ar.

1.2) Montagem:
a - Cortar a mangueira de aquário em 3 partes de, mais ou menos, 5 cm cada;
b - Conectar as partes da mangueira na base do "T" e nas suas duas extremidades;
c - Na base do "T", conectar uma válvula de retenção, com a entrada de ar voltada para o "T";
d - Em uma das extremidades do "T", conectar a outra válvula de retenção, como a saída de ar voltada para o "T";
e - Na outra extremidade do "T", conectar a seringa.

Detalhes da montagem da mini bomba de vácuo manual


Mini bomba de vácuo já montada.
No detalhe, a válvula que deve ser introduzida no furo da garrafa PET (item "B" abaixo).

1.3) Como usar:

a - Furar a tampa da garrafa PET. O orifício não deve ser muito grande, mas suficiente para que a ponta da válvula de retenção entre com um certo esforço;
b - Introduzir a ponta da válvula de retenção de ar, da extremidade do "T", no orifício da tampa;
c - Acionar o êmbolo da seringa, fazendo um movimento de vai e vem, até notar que a vedação da válvula está deformada (ver detalhe na foto abaixo);
d - Cortar ou remover a mangueira, que esta conectada na válvula da tampa da garrafa. A válvula de retenção não deve ser removida, pois é ela que garante o vácuo dentro da garrafa;
e - Revestir a tampa e a válvula de retenção com silicone ou parafina;
f - Rotular a garrafa com o tipo de semente e a data de armazenamento;
g - Armazenar a garrafa em local fresco e escuro.

Detalhe da válvula de retenção, mostrando o momento em que a vedação
da mesma está deformada, indicando que é hora de parar de remover o ar (passo "C" acima).

Com este método, eliminamos vários fatores que prejudicam uma boa preservação de nossas sementes, como:
- Diminuímos o oxigênio e a umidade no interior da garrafa, elementos estes que viabilizam a brotação das sementes.
- Armazenando em local fresco e escuro (geladeira, se possível), diminuímos o consumo dos açúcares do interior da semente, pelo seu embrião, o que dá mais longevidade as mesmas.
- Garantimos também, pela baixa presença de oxigênio, a não infestação das sementes armazenadas, por insetos praga.

Garrafa PET deformada, devido ao vácuo formado em seu interior.

Mais detalhes sobre a montagem e uso no vídeo:


2) Outros usos:

Podemos usar a mini bomba de vácuo para remover o ar de potes de vidro, estes usados para conserva, com tampa metálica. Para isto, basta fazer um furo sobre a tampa do pote e repetir o processos executados acima, para garrafa PET.

3) Dicas:

- Use sempre garrafas PET que foram usadas para acondicionar água com gás e refrigerante, pois estas são mais resistentes;
- Se for usar potes de vidro, o ideal é usar potes novos, pois estes tem o sistema de vedação melhor que potes usados;
- Ainda sobre uso de potes de vidro, para garantir uma melhor vedação, fazer um furo maior na tampa do pote e colocar uma rolha de borracha. Na rolha de borracha, faça um furo e neste introduza a ponta da válvula de retenção, usada para criar o vácuo;
- Uma vez aberta a garrafa, utilizar as sementes o mais breve possível, e não voltar a armazenar as mesmas;
- Podemos usar esta mini bomba de vácuo manual para conservação de outros tipos de alimentos, em outros tipos de recipientes. Para tal, use sua criatividade e poste suas ideias aqui, nos comentários do blog.



1 de agosto de 2016

Extrato de Cavalinha

Fungicida natural para uso na horta e jardim

A cavalinha (Equisetum sp) é uma das plantas mais antigas do mundo, sendo considerada um fóssil vivo, pois já existia, em tamanho descomunalmente maior, no tempo dos dinossauros.

Cavalinha

Ela é comumente empregada na medicina natural, para tratar diversos problemas de saúde como doenças reumáticas, dos rins, além de ser usada para fortalecer unhas e cabelos.

Na agricultura, é também antiga aliada do produtor, por suas propriedades fortalecedoras da estrutura celular dos vegetais, pois ela é rica em sílica, na forma, principalmente, de silicato, que confere maior resistência as plantas. Ela também é usada, com muito sucesso, tanto contra infestações fúngicas, como ferrugem, oídio e míldio, assim como na prevenção destas doenças.

Folhas de morango com ferrugem
Para fazer usufruir de seus benefícios em nossos cultivos, usamos a cavalinha em forma de extrato liquido.

1 - Como preparar o extrato de cavalinha:

- 10 litros de água, sem cloro;
- 1 kg de cavalinha fresca, sem as raízes, ou 150 g de cavalinha seca.

a) Colocar a cavalinha de molho, em maceração, em 10 litros de água, durante, no mínimo, 12 horas e, no máximo, 24 horas;
b) Levar a maceração ao fogo alto, até ferver. Ao levantar fervura, baixar o fogo, tampar e manter em fervura por 20 minutos;
c) aguardar o extrato esfriar e coar.

Este extrato pode ser guardado, em garrafa plástica, ao abrigo da luz, em local fresco, por até 3 meses.

2 - Como usar o extrato de cavalinha:

O extrato necessita ser diluído, antes de usar, na proporção de 200ml de extrato de cavalinha para cada litro de água. Usar esta diluição para pulverizar a planta afetada e o solo ao redor da mesma.

- Em plantas com infestação severa de fungos: inicialmente, pulverizar todos os dias, por 3 dias consecutivos. Após este período, pulverizar a cada 3 dias, por 15 dias.
- Em plantas com sintomas iniciais de infestação de fungos: pulverizar a cada 3 dias, por 15 dias seguidos.
- Para fortalecimento da planta e como preventivo ao surgimento de fungos: em período de chuva, pulverizar o extrato a cada 7 dias, no período da seca, pulverizar a cada 15 dias.

Para mais detalhes sobre o modo de preparar e de usar o extrato de cavalinha, veja o vídeo abaixo: 


3 - Dicas:

- Aplicar sempre ao fim da tarde;
- Para um armazenamento mais prolongado, após encher a garrafa com o extrato de cavalinha, remova o resto do ar que sobrou na garrafa, antes de fechá-la;
- Caso só tenha acesso a água clorada, usar um declorador ou deixar a água em um balde de boca larga, por 24 horas.

1 de julho de 2016

Como fazer compostagem somente de folhas secas

Como aproveitar as folhas de outono

Se existe alguma coisa que não falta aqui em casa, no outono, são folhas caídas! Esta abundância que se desprende das árvores nesta época do ano, são como presentes dado pela natureza para nós. Um presente precioso, pois além de podermos transformá-lo em algo especial e útil para melhorar o solo da nossa horta, podemos aprender muito com a simples observação do processo natural de seu surgimento até seu cair (alguma coisa de impermanência, talvez?).
Folhas secas de outono.
Se você já esteve em uma mata preservada, você certamente percebeu a leveza da terra sob seus pés. Provavelmente reparou como o solo é escuro. Se você pegou um pouco deste solo em suas mãos, certamente viu quão suave, de odor agradável e cheio de vida este solo é. Isto tudo é, em grande parte, por conta das folhas que aí um dia caíram, criando um revestimento que ajuda a reter a umidade no solo e, lentamente, se decompõem e alimentam, de forma direta e indireta, toda a vida que ali está.


1 - O composto de folhas

Feito somente de folhas, este composto, ao contrário do processo de compostagem tradicional (que gera calor e depende, em sua maioria, de bactérias esfomeadas para transformar o material orgânico em matéria orgânica), é feito com predominância de fungos que, literalmente, se deliciam com as folhas servidas a eles, gerando menos calor, sendo considerado um processo "a frio". Enquanto a compostagem tradicional leva, em média, 3 meses para atingir a maturidade, o composto de folhas pode demorar até 3 anos.

2 - Benefícios do composto de folhas

Este tipo de composto fornece poucos nutriente as plantas, diferenciando-se assim, mais uma vez, dos composto tradicionais. Por sua vez, ele melhora a estrutura do solo, por isso ele é considerado um condicionador de solo.

Dentro os benefícios que ele pode trazer para seu solo, podemos citar:
  • Melhora a estrutura do solo: ajuda a suavizar solos pesados, como os argilosos;
  • Retenção de água: ele é capaz de absorver até 50 vezes o seu peso em água. Ao misturá-la ao solo, melhoramos a retenção da água, tornando-a facilmente disponível para nossas plantas;
  • Melhora a vida do solo: pois estimula a atividade biológica no solo, criando um ambiente microbiano que ajuda a prevenir pragas e doenças.

3 - Como fazer

Se deixarmos as folhas sobre os solo, depois de caídas, ou amontoá-las em um canto, elas irão, sozinhas, se transformar em composto de folhas, assim como ocorre nas matas e florestas. Porém, este processo pode demorar muitos anos. Quanto mais celulose uma folha tiver, maior será o seu tempo de compostagem.
Folhas secas, recolhidas no meu quintal.

Para dar uma forcinha a natureza e acelerar um pouco este processo, nós iremos dispor da seguinte técnica:

- Usar um inoculante de fungos: a serrapilheira. A serrapilheira é o material que fica depositado no piso das matas e florestas preservadas, composto de montes de folhas, galhos, frutos, etc... em estado de decomposição variado;
- Triturar as folhas recolhidas no nosso jardim e a serrapilheira, separadamente, com a ajuda de um triturador, ou de um cortador de gramas, ou ainda de um facão bem afiado.

3.1 - Em saco plástico:
a) Coloque uma camada de folhas trituradas, de aproximadamente 15 cm, dentro de um saco plástico, que não seja biodegradável;
b) Cobrir com uma camada fina de serrapilheira triturada;
c) Compactar de leve e umedecer com água sem cloro;
d) Repetir os passos "a" e "b", até 3/4 do volume do saco, terminando com uma camada de serrapilheira;
e) Fechar e amarrar bem a boca do saco;
f) Faça vários furos na lateral do saco, com um objeto pontiagudo, da espessura de um lápis, ou menor, para que entre um pouco de ar;
g) Manter o saco a sombra.

3.2 - Em composteira:
a) Repetir os passos "a" e "b" do item 3.1 acima, até encher a composteira;
b) Cobrir a composteira com uma lona, para diminuir a evaporação;

Uma vez por mês, checar a umidade das folhas no saco e na composteira. Se necessário umedecer novamente. No caso do saco: Virá-lo de cabeça para baixo e mantê-lo a sombra. Na composteira: revirar as folhas.

Mais detalhes do processo de produção no vídeo:


Com o uso desta técnica, podemos diminuir o tempo de decomposição das folhas para, no mínimo, 4 meses, chegando até 8 meses a 1 ano, dependendo das condições de umidade das folhas e das condições climáticas.

Você saberá que o processo terminou quando a pilha estiver com cheiro de terra de mata após a chuva, um material escura (quase preta) que lembra o solo de matas e florestas.

Composto de folhas em processo de colonização, por fungos da serrapilheira.

4 - Como usar

  • Incorporar de 5 a 10 litros/mt2 ao solo, antes de plantar. Desta forma, altera a densidade do solo, podendo deixá-lo até 20% menos denso que um solo sem o composto de folhas, tornando-o um ambiente perfeito para o crescimento de raízes;
  • Em coroamento de plantas perenes e anuais, ajuda a manter a umidade durante o verão;
  • Como cobertura de solo, espalhar uma camada de 5 a 8 cm de altura, evita a flutuação extrema de temperatura do solo e mantém a superfície do solo solta, facilitando a entrada de água e retendo umidade no solo, diminuindo a evaporação;
    • Devido a capacidade de retenção de água, em quase 50%, é muito útil no cultivo de hortaliças, podendo reter água por até 2 semanas, o que é ótimo para os períodos mais quentes.
  • Excelente ingrediente para compor o substrato para cultivo, pois sua características são muito semelhante à turfa, podendo ser usada no seu lugar em substratos: Misturar meio-a-meio composto de folhas e húmus de minhoca, para compro um substrato rico em nutrientes para produção de mudas. Ou combinar iguais partes de composto de folhas e perlita

5 - Dicas

- Não adicionar folhas "cruas", sem compostar, direto em seus canteiros. Por serem pobres em nitrogênio, elas roubarão este elemento do solo;
- Alguns autores sugerem acrescentar alguma fonte de nitrogênio a pilha de folhas, para acelerar o processo. Mas, ao fazer isso, estamos alterando o método de decomposição para "compostagem" bacteriana e o produto final terá características e benefícios diferentes do composto de folhas;
- O teor de celulose (lignina) das folhas pode afetar o tempo de decomposição. Quanto mais celulose as folhas tiverem, mais tempo para a decomposição;
- Cuidado: a capacidade de retenção de água pode ser problema em sementeiras, principalmente nos períodos chuvoso, pois podem promover o apodrecimento das sementes no solo.

6 - Fontes

- Utilization of Leaf Compost as Soil Amendment in Cut Flower Production - Abibail A Maynard, PH.D. -  Department of Forestry and Horticulture - Bolletin 1022 - 2010;
- Artigo: Cost Saving Tip-Leaf Litter Mulch - Karen Blaedow - Agriculture and Natural Resources Horticulture - Publicado em Wayne County Winter - 2012
- Organic Gardening for healthy food and a healthy planet - Disponível em: http://www.organicgardeningzen.com/gardening-guide/leaf-mold-guide/ acessado em maio de 2015;
- Experimentos do autor.

4 de junho de 2016

Como extrair Humato

Fonte de ácidos húmicos e fúlvicos para as plantas e o solo

Humato é um nome dado ao extrato de substâncias húmicas, solúveis em água, que contém uma fonte concentrada de compostos de ácidos orgânicos, sendo em maior concentração ácidos húmicos e fúlvicos, além de outros elementos, extraídos de matéria orgânica humificada (húmus).

O humato não é tido como um fertilizante, mais sim como um melhorador dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo que, dentre outras coisas:
- Melhora a capacidade de retenção de água;
- Aumenta a disponibilidade de nutrientes;
- Promove a atividade microbiana no solo;
- Favorece o desenvolvimento vegetativo;
- Favorece o desenvolvimento e volume das raízes, propiciando a maior absorção de nutrientes;
- Estimula a atividade enzimática nas plantas;
- Aumenta o teor de clorofila das folhas, favorecendo a fotossíntese, dentre outros benefícios;

Os humatos comerciais, em sua maioria, são extraídos de turfa, leonardita e outras fontes de matéria orgânica.
Turfa secando ao sol.

1 - Como a indústria extrai o humato?

A matéria orgânica humificada é misturada em uma solução alcalina, pois ácidos húmicos e fúlvicos são solúveis neste meio. Posteriormente, após a extração dos ácidos, se necessário, faz-se a acidificação desta solução, a fim de separar os ácidos húmicos dos fúlvicos, pois este se mantêm em solução, enquanto os ácidos húmicos precipitam na mesma.

Para alcalinizar o meio, a indústria utiliza o hidróxido de sódio (soda cáustica), pois este composto químico é dos mais baratos alcalinizantes existentes. O humato de sódio, resultante desta extração, é normalmente usado como complemento da alimenteção animal. Somente após a remoção do excesso de sódio, é possível usar este tipo de humato na agricultura, já que o excesso desse elemento químico pode afetar negativamente a fertilidade do solo.

Outro composto químico usado para extrair o humato é o hidróxido de potássio (potassa cáustica). O humato de potássio, extraído com este composto, é o mais usado na agricultura, já que contém certa quantidade de potássio, que não é prejudicial ao solo, como o sódio.

Outros compostos, como Ca(OH)2, ZnSO4, MgSO4 e Fe(NO3)3 também são usados como alcalinizantes para extração do humato.

2 - Método de extração do humato

O método a seguir é uma alternativa fácil e barata para extração do humato, contido em húmus de minhoca, com resultados positivos na quantidade de ácidos húmicos e fúlvicos e no uso do produto final.

2.1 - Ingredientes e materiais necessários:
- 2,5 litros de água de boa qualidade, sem cloro;
- 500 g de húmus de minhoca, bem curtido;
- 5 g de hidróxido de potássio (potassa cáustica);
- 2 baldes ou tambores de plástico, de 10 litros ou mais;
- 1 peneira de plástico, de trama fina, ou uma meia-calça feminina;
- 1 colher de pau ou plástico;



Materiais opcionais:
- 1 filtro de papel (para café) ou de pano, de trama bem fina;
- 1 garrafa de vidro ou plástico, não transparente, de 2 litros;
- luvas de plástico e óculos de segurança.

CUIDADO: o hidróxido de potássio pode provocar queimadura na pele. Por isso, ao manipulá-lo, utilize sempre luvas e óculos de segurança.

2.2 - Procedimentos:
a) No balde, dissolver a potassa cáustica em 2,5 litros de água;
b) Acrescentar o húmus de minhoca e misturar bem por, pelo menos, 5 minutos, usando a colher de pau;
c) Tampar o balde e deixar esta mescla repousar por 1 hora, ao abrigo do sol e da chuva;
d) Após 1 hora, revolver a mescla novamente, por mais 5 minutos. Repetir este procedimento por mais 5 vezes;
e) Passar a mescla pela peneira de trama fina. A parte líquida resultante já é o humato;
f) Manter o humato em balde tampado, ao abrigo do sol e da chuva, por 12 horas;
g) Após 12 horas, já podemos usar o humato para regar nossas plantas;

Repousar por 1 hora, ao abrigo do sol e da chuva.


2.3 - Procedimentos opcionais:
a) Caso for utilizar o humato em um pulverizador, para aplicação foliar, filtrar o humato em filtro de pano, de trama bem fina, ou em um filtro de café;
b)  Filtrado, o humato pode ser armazenado, em garrafa de vidro ou plástico escuro, por até 7 dias.

Mais detalhes sobre estes processos no vídeo:

3 - Como usar

  • Tratamento de sementes para plantio: deixar as sementes de molho em solução de humato a 50% (exemplo: 50 ml de humato + 50 ml de água), de 10 a 30 minutos. Quanto mais dura a semente, maior o tempo de molho;
  • No preparo da terra para cultivo: regar o solo, após a aplicação dos demais adubos e insumos, na diluição de 100 ml por litro de água, pelo menos, 15 dias antes do plantio;
  • Em cultivos anuais: 20 ml por litro de água, a cada 30 dias;
  • Em árvores e arbustos não estabelecidos: de 30 ml a 50 ml por litro de água, a cada 30 dias, dependendo do porte da planta;
  • Em árvores e arbustos já estabelecidos: de 50 ml a 100 ml por litro de água, a cada 30 dias, dependendo do porte da planta;
  • Em plantas ornamentais e gramado: 30 ml por litro de água, a cada 30 dias;
  • Em plantas aquáticas: diluir 10 ml para cada litro de água do tanque, duas vezes ao ano.

4 - Dicas

  • Durante a extração e armazenamento do humato, evite o contato do mesmo com qualquer tipo de metal;
  • Na aplicação, sempre regar o solo com humato e pulverizar via foliar;
  • Evitar pulverização foliar quando as plantas estiverem floridas. Nesse período, somente regar o solo;
  • Não se obtêm resultados na aplicação de humato em solo que não contém matéria orgânica;
  • A fração sólida, resultante dos passos e e h, do item 2.2 acima, pode ser usada como adubo, após seco ao sol.

Resto do processo de extração do humato, secando ao sol.

5 - Fontes

- Effects of humic acids from vermicomposts on plant growth - Norman Q. Arancon e outros - European Journal of Soil Biology, 2006;
- Stimulation of Plant Growth by Humic Substances - Yong Seok Lee and Richmond J. Bartlett - SSSAJ, 1976;
- Method for the production of humic acids, humates, and of compositions - M. Folmizano e outros, I C B Spa Ind Chimica E Biolog - 1972;
- artigo How to produce Potassium Humate - link: www.cnhumicacid.com/how-to-produce-potassium-humate/- acessado em maio/2016.

14 de maio de 2016

Soro de Leite na Horta


Como aproveitá-lo como adubo e melhorador de solo


Como produtor caseiro de iogurte grego, coalhada seca e Chancliche (queijo árabe recoberto com zattar) , me preocupo em aproveitar o resíduo da minha produção: o soro. Para cada litro de leite que uso para preparar iogurte grego, sobram 400 ml ou mais de soro. No preparo da coalhada seca e Chancliche, sobram mais de 900 ml, para cada litro de leite!
Iogurte grego e o soro extraído.
Já aproveito o soro de vários maneiras:
- em receitas, no lugar do leite, ou mesmo da manteiga;
- bom para demolhar o feijão, antes de cozinhar, para reduzir os fitatos e oxalatos;
- fermentar vegetais;
- cozinhar macarrão, batata, arroz...;
- dar de beber para meus cães, diluído em água;
- em marinadas para carnes, frangos e peixes;
- além de ser ótimo para memória (vi em uma reportagem do Globo Repórter);

Porém, mesmo não desperdiçando o soro, que extraio quase semanalmente, sempre sobra um restinho que acabo jogando no ralo. Pois, mesmo guardado em geladeira, após 25 dias, o soro fica muito ácido, com odor de queijo velho, praticamente inutilizável.

Em pesquisas para encontrar outras maneiras de utilizar o soro, descobri que, quando usamos cultura bacteriana como coagulante (meu caso), podemos usar o soro como adubo, melhorador de compostagem e supressor de odores. Pois o soro contém - além de muito cálcio - potássio e magnésio, dentre outros elementos. É também rico em bactérias ativas, principalmente lactobacilos.

1 - Os lactobacilos
Os lactobacilos fazem parte do grupo de decompositores primários que, em companhia das leveduras, são responsáveis pelo início da decomposição da matéria orgânica, abrindo caminho para a chegada de outros grupos de decompositores.

Em seus processos metabólicos, os lactobacilos produzem ácido lático, um ácido capaz de controlam enfermidades de fitopatógenos, como o fusarium. Esses ácidos orgânicos também ajudam a solubilização de diferentes tipos de elementos químicos que estão no solo, tornando estes elementos acessíveis as plantas.

Os lactobacilos são também excelentes controladores de odores, neutralizando, por exemplo, os gazes de amônia, muito comuns no processo de compostagem. Também melhora a disponibilidade de nutrientes no composto e no minhocário.

2 - Como usar
2.1 - Para regar as plantas:
O soro é de natureza ácida. Para obter benefícios deste, devemos usar em pequena quantidade.

A diluição 1:1000 de soro em água (ex.: 1ml de soro diluído em 1 litro de água), é mais que suficiente para obter seus benefícios. Uma quantidade maior de soro, em diluição, pode ser prejudicial para o solo.

Usar a diluição acima de 3 em 3 semanas, no meses mais quentes, e 1 vez por mês, nos meses mais frios.

Um cuidado a ser tomado é: regar somente o solo ao redor das plantas, evitando molhar a folhagem. Outro cuidado, principalmente com plantas sensíveis a acidez é, usar soro que foi mantido em geladeira (imediatamente após a sua extração), com, no máximo, uma semana de armazenamento.

Depois de uma semana, mesmo armazenado em geladeira, as bactérias continuam se alimentando da lactose que sobrou no soro, por isso o soro começa a ficar mais ácido. Esse soro NÃO deve ser usado em qualquer planta, mas ainda não precisa ser descartado. Podemos usá-lo para regar plantas que gostam de pH baixo, como coníferas em geral, fruta do milagre, azaleias, rododendros e hortências. Para essas plantas, usar a diluição acima, de 2 em 2 semanas.

2.2 - Na composteira:
Ao preparar a pilha de composto, usar a mesma diluição para regar a composteira. Continuar a regar, 15 em 15 dias, por mais 4 vezes.

Em pilhas já em processo de decomposição, pulverizar a diluição acima, de 2 a 3 vezes, até o fim do processo de compostagem.

2.3 - No minhocário:
Usar a diluição acima para pulverizar o minhocário, uma vez por mês.
Pulverizar soro diluído em água no minhocário.


3 - Dicas:
- ATENÇÃO: Depois de 15 dias armazenado em geladeira, não é recomendado o uso do soro na horta, composteira ou minhocário;
- Usar SEMPRE água sem cloro para diluir o soro de leite, pois água clorada mata as bactérias ativas do soro;
- Utilizar soro de leite proveniente somente de coagulação que utiliza bactérias. Soro proveniente de produtos que utilizam ácidos, vinagre ou limão não devem ser usados;
- Mistura de Calda Fermentada de Plantas (CFP), ou de Chorume de Urtiga, com soro, potencializa a ação de ambos os preparados.

Mais detalhes no vídeo:

25 de abril de 2016

Confrei na horta e jardim - Parte 2

Adube suas plantas e combata lesmas com essa planta fantástica.


Segunda parte do artigo sobre confrei. Para ler a parte 1, clique aqui.
Flor de Confrei

Mais utilidades dessa planta fantástica, nesse segundo vídeo da série sobre uso do confrei na nossa horta. Nesse vídeo você irá aprender a usar o confrei como:
1 - Preparado de calda fermentada de confrei com esterco de galinha: misturar 1 litro de calda fermentada de confrei + 35 g de esterco de galinha, em 3 litros de água, misturando bem, até dissolver todo o esterco. Diluir essa mistura em 10 litros de água e regar a base das plantas, de 15 em 15 dias. Fantástico para produção de tomates e solanaceas de modo geral, pois o equilíbrio entre nitrogênio e potássio propicia o desenvolvimento vegetativo da planta e a formação de flores e frutos.

2 - Como planta companheira: Excelente companheira para árvores e arbustos, principalmente frutíferas. Confrei plantado sob as árvores, na projeção da copa da mesma, ajudam a mobilizar nutrientes, do fundo do nosso solo. As folhas mais velhas do confrei, não colhidas, se decompõem, melhorando o solo sob as árvores.

3 - Ativador de composto: Por ser também fonte de nitrogênio, rico em proteínas e pouco fibroso, o confrei se decompõem muito rapidamente. Se colocado no composto, ele acelera o processo de decomposição da matéria orgânica da mistura, fazendo com que a pilha esquente mais rapidamente e liberando os nutrientes (acumulados nas folhas), na pilha de compostagem. Fazendo com que o produto final seja de melhor qualidade. Pode-se misturar as folhas de confrei picadas, diretamente sobre o composto, ou então, bater no liquidificador algumas folhas de confrei, com água, e regar a composteira com essa mistura.

4 - Substrato para cultivo: As folhas das árvores, que caem no fim do outono, são ricas em carbono. Já as folhas de confrei são ricas em nitrogênio. Podemos acelerar o processo de decomposição das folhas decaídas das árvores, usando a característica de ativador de composto do confrei, ao mistura-los e deixando-os compostar. Coloque em uma composteira, ou em um saco de lixo, 10 cm de folhas de árvores trituradas, cubra com uma camada fina de folhas de confrei trituradas e umedeça levemente. Repita o processo até completar o volume da composteira/saco. Depois de 2 a 3 meses, dependendo da temperatura, a mistura transforma-se em um substrato riquíssimo para uso em sementeiras e cultivo de mudas em geral.

5 - Impulso inicial para mudas: Durante o preparo do berço, para plantio de nossas mudas, colocar 1 ou 2 folhas de confrei, bem picadas, no fundo deste berço. Cobrir as folhas com um pouco de matéria orgânica já decomposta, como húmus de minhoca ou composto. Completar o berço com terra, regar e cobrir com folhas secas. Aguardar uma semana e plantar a muda no berço. As folhas de confrei se decompõem rapidamente, liberando os nutrientes que estas acumularam, fornecendo nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento das mudas.

6 - Combate a lesmas e caracóis: As folhas de confrei, quando iniciam o processo de decomposição, são irresistíveis para lesmas e caracóis. Se sofremos com infestação de lesmas e caracóis na nossa horta, devemos, antes de usar as folhas de confrei como adubo ou cobertura de solo, espalhar algumas destas folhas no local da infestação. Dessa maneira, as folhas funcionam como armadilhas para as lesmas, que irão se agrupar sobre e sob as folhas, facilitando assim a catação das mesmas.


Vídeo parte 1 aqui.


4 de abril de 2016

Confrei na horta e jardim - Parte 1

Fantástica planta multi-propósito, com vários usos na horta e jardim


O Confrei (Symphytum officinale) é muito utilizado na medicina natural e alopática, com usos já conhecidos e comprovados científicamente. Por esse motivo, é muitas vezes cultivado em hortas e jardins.

Mas você sabia que o confrei também é um grande aliado do hortelão e jardineiro, podendo ser usado de várias maneiras, beneficiando nossa produção, acelerando o processo de compostagem e melhorando nosso solo?
Confrei

Para demonstrar algumas possibilidades de uso do comfrei, na nossa horta, farei uma série de dois vídeos, acompanhados de um pequeno artigo explicativo. No primeiro vídeo você verá:
1 - Dicas de cultivo do confrei: como e onde plantar.

2 - Acumulador de minerais e descompactador de solo: a fantástica capacidade do confrei de mobilizar minerais, das "profundezas" do solo, para suas folhas, principalmente potássio e nitrogênio, mas também magnésio, manganês, zinco e cobre, dentre outros, em menor quantidade, além da capacidade de suas raízes de penetrar fundo no solo, descompactando-o..

3 - Como e quando colher: aproveitamento máximo da produção de folhas, colhendo as folhas maiores, de 2 em 2 meses.

4 - Como cobertura de solo: as folhas picadas, ou inteiras, colocadas ao lado dos nossos cultivos, disponibilizam seus nutrientes para nossas plantações.

5 - Aliado da produção de batata: aumento da produção e batatas mais saborosas, usando o confrei, na cobertura de solo.

6 - Adubação de arbustos, frutíferas e árvores perenes: favorece a formação de novos frutos, usando as folhas de confrei, na cobertura de solo.

7 - Calda fermentada de plantas: especialmente benéfica para tomates, pepinos, melancias e leguminosas.




Clique aqui para saber como preparar Calda Fermentada de Planta.

Não deixe de ler a PARTE 2 desse artigo, clicando aqui.


 

14 de março de 2016

Chorume de Urtiga

Fertilizante orgânico simples de fazer, barato, que disponibiliza muitos nutrientes para o solo e plantas.


1 - O que é:

O chorume de urtiga é um dos melhores fertilizantes orgânicos, além de inseticidas e fungicida naturais, não tóxicos para o ambiente. Rico em nitrogênio, sílica e ferro, age como um poderoso estimulante da flora microbiana do solo, favorece a formação de húmus e estimulando o crescimento das plantas, além de prevenir e tratar pragas de afídios em geral (como os pulgões) e fungos (como oídio e míldio). Como o uso constante, reduz o ataque de pragas e da resistência as plantas contra várias doenças, além de melhorar a estrutura do solo, promovendo a degradação da matéria orgânica.

2 - Como fazer:

 


Chorume pronto: uma "nata" forma-se sobre o liquido e nenhuma parte da urtiga boiando.

3 - Aplicação:

- Como inseticida e fungicida: puro, pulverizar uma vez por semana até o controle da praga;
- Como estimulante foliar: diluído a 10% (1L de chorume para 10L de água), regar, ou via foliar, de 15/15 dias ou uma vez por mês;
- Como estimulante do solo, ativador de composto e das raízes das plantas: diluído a 20% (2L de chorume para 10L de água), regar a terra de 15/15 dias ou uma vez por mês.

4 - Dicas:

- Brassicas (brócolis, couve, etc) e solanáceas (tomate, batata, pimenta, etc) “adoram” o chorume de urtiga;
- Frutíferas, roseiras e árvores perenes também gostam muito desse chorume.
- Leguminosas cebolas e alhos NÃO toleram bem esse preparado; - Utilize água não clorada para a produção do chorume;
- As urtigas que se encontram na beira da estrada NÃO devem ser usadas, pois absorvem o chumbo libertado pelos escapamentos dos carros, gerando um chorume tóxico para as plantas.

5 - Fontes:

- Practical Guide to biodynamic preparations, de Harald Kabisch;
- Artigo "Plants to cure other plants" de Jean-Luc Petit;